sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Zequinha Stadium

Sou um habitante da Zona Norte de Porto Alegre. Ok, não tão norte assim, ao menos para quem já esteve no Parque dos Maias. Moro ao lado do viaduto Obirici e desfruto de todas as vantagens do comércio e transporte público da Assis Brasil com a incrível vantagem de não escutar o barulho dos ônibus - um verdadeiro!

Como habitante da Zona Norte, nunca entendi porque os dois maiores clubes da capital ficam na Zona Sul. Tipo, não tem nada para aqueles lados! É uma falta de respeito com nós, larga maioria dos cidadãos porto-alegrenses ter qu atravesar a cidade para assistir um jogo. Foi em um destes dias de revolta que decidi mudar de time e passei a torcer pelo representante da Zona Norte; o time que é a terceira força futebolística da capital: o Esporte Clube São José ou, para nós torcedores, o Zequinha!

Uns anos atrás - feliz com a campanha do meu time na primeira divisão do campeonato gaúcho - tomei coragem e fui no jogo. Coloquei meus óculos escuros e um boné, caminhei quinze minutos até o estádio, paguei R$10 e entrei nas arquibancadas do estádio Passo d'Areia. Era um estádio grande, com uma arquibancada respeitável e outra, no lado oposto do campo, em plena construção. No fundo, uma quadra de futebol sete com duas equipes alheias ao jogo dos profissionais ao lado.

Era um dia de sol e o jogo era contra o Novo Hamburgo. Coisa de louco! Lembro que nosso time estava o Zé Alcindo e o Murilo, dois ex-jogadores da dupla Gre-nal, mas quem mais me chamou atenção foi o Alemão. Nunca descobri o nome do Alemão, sei apenas que ele jogava no meio campo do Zequinha - ou, ao menos, tentava jogar. Toda a torcida ficava gritando:
- Corre Alemão!
- Dribla Alemão!
- Passa Alemão!
- Porra, tira esse Alemão!

Coitado do Alemão. Ser vaiado pela torcida do Zequinha é fim de carreira! E ele era tão jovem...

A felicidade do Alemão foi que o técnico fez a tão pedida substituição. Na boa, acho que até o Alemão gostou, pois a coisa estava feia para o lado dele. E não é que o cara deu sorte! Não sei quem foi para o lugar dele, mas a coisa ficou pior. Sei que não se deve torcer pelo desastre alheio, mas tenho certeza que o Alemão ficou feliz em ver que o problema não era com ele - ou só com ele. E então vieram, os gritos: "Volta Alemão!". Mas estas malditas regras do futebol não deixaram ele voltar...

É, deu para ganhar do Novo Hamburgo, mas não se foi muito além. O Zequinha nunca mais fez uma grande campanha e aquele belo estádio ficou ali, esperando um grande evento que valesse todo o concreto gasto nele.

Fiquei feliz que o Zequinha está de volta! Não, não o time, mas o estádio. Não sei ainda porque razão, mas decidiram fazer o show do REM no Estádio Passo d'Areia. Eu não acreditei no que divulgava a Zero Hora - by the way, um a ótima prática para se adotar no dia-a-dia - até que li, no site da banda, que o show seria no Zequinha Stadium. Dia 6 de novembro, uma quinta-feira à noite sem chuva, lá estava eu de volta ao estádio do meu time!

Confesso que saí frustrado com show. Muitas músicas que eu não conhecia - e o Nenhum de Nós não empolgou pelo fato de eu ter ido para ver REM. Pulei como um louco quando tocaram 'It's the End of the World as We Know It and I Feel Fine', mas tomei um susto quando eles deram tchau em seguida. O show tinha acabado de começar para mim!!! Felizmente eles voltaram e a segunda parte foi bem melhor!

Mas muita gente escreveu sobre o show. Além disso, o foco deste blog são aventuras culturais nas quais espero poder compartilhar algo útil com os eventuais leitores. Falar sobre um show que provavelmente nunca acontecerá de novo em Porto Alegre não me parece muito útil. O que me aprece útil, na verdade, é destacar que há um novo espaço na cidade - e isto me pareceu claro!

Com uma excelente área para shows de médio tamanho, arquibancada com um excelente posicionamento, localização privilegiada para grande parte da cidade e região metropolitana, o Zequinha Stadium parece ser uma grande escolha para novas apresentações musicais. E que elas venham logo, pois passamos alguns anos sem shows internacionais decentes em Porto Alegre e eu, assim como muita gente que tenho conversado, tem se ressentido profundamente disso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Aí está algo que eu ainda não havia lido acerca da cena cultural porto-alegrense: do zequinha como novo palco. Interessante que, tal como eu, muitas pessoas, imagino, ficaram surpresas com o uso do estádio para o show do R.E.M. Mas não li ou vi comentário algum nas mídias.

Quanto à tua mudança de time por conta da situação espacial dos estádios, é bom lembrar que o projeto do novo estádio do Grêmio será na zona norte. Se depender de um pensamento semelhante ao teu, poderemos ter uma competitividade entre Zequinha e Grêmio pelo market share representado por este hemisfério. Por outro lado, o Inter será demograficamente prejudicado, a menos que haja uma mudança massiva de colorados para os bairros meridionais.

Anônimo disse...

É bastante curioso este hábito portoalegrense de dividir tudo na cidade entre Zona Sul e Zona Norte, inclusive vendo o Olímpico como sendo na zona sul (!?). Mas tudo bem, no oeste há um lago e no leste ninguém quer morar. Outra coisa interessante dos portoalegrenses é esta lógica (provinciana) de que tudo na cidade deve ficar em uma única região. Um bom desafio para uma cidade de um milhão e meio de habitantes.

Anônimo disse...

Vi um sarau eletrico na feira do livro uma vez. Eu considei naquela vez a Katia Sumam o "comic relief" do evento, ao menos naquela vez ela desempenhou bem este papel.