segunda-feira, 24 de novembro de 2008

L'Âge des Ténèbres

Fui convidado para assistir L'Âge des Ténèbres na minha casa, filme que seria a continuação de Les Inavasions Barbares. Pas du tout! O filme é, na verdade, mais uma obra do diretor québécois Denys Arcand. A única relação com a conhecida série é o personagem Pierre (interpretado por Pierre Curzi), em uma rápida aparição reclamando que a esposa o expulsou de casa (para ser sucinto).

O filme conta a história de um frustrado funcionário público de uma repartição caracterizada pelos jeitos burocráticos hiper realistas. O personagem recorre a incursões imaginárias como forma de aplacar a vida que julga medíocre. As fantasias possuem alto teor sexual – para apaziguar sua forçada abstinência -, mas rumam para outras áreas quaisquer que sirvam para auxiliar sua baixa auto-estima.

Com uma família atomizada ao extremo - não há diálogo com a mulher ou com as duas filhas, que passam mesmo os passeios em família com seus brinquedinhos eletrônicos - e a mãe em estado catatônico no hospital, tem contato ocasional apenas com dois colegas de trabalho.

Por vezes é difícil determinar se o que estamos vendo realmente está ocorrendo ou se é apenas a imaginação do personagem. O filme abusa de narrativas kafkanianas, em mais uma seção de críticas do diretor contra o Canadá e, mais ainda, contra Quebec. Os diálogos seguem a linha do autor, com piadas rápidas e inteligentes.

O filme começa cômico, mas, aos poucos, vai rumando para a melancolia. Há um certo ar de conformismo nesta melancolia, similar ao que havia em Lês Invasions Barbares; parece que o diretor se deu por vencido e, ao seu modo, passa aceitar que o mundo é este mesmo. Os que não concordam com a nova ordem devem se adaptar ou buscar o exílio. Opções em si mais agradáveis frente a que deu ao personagem Rémy no filme anterior: a morte. Ainda não consegui determinar qual a escolha que o diretor fez para si mesmo.

Tipo:
Filme
Onde: Assisti em casa.
Quanto: De graça; baixei via torrent.
Avaliação: Bom filme, com diálogos inteligentes.

Espetinhos

Na Plínio Brasil Milano, ali, logo no início, em meio a uma selva de pizzarias, se esconde a Usina do Espetinho. E esconder é o termo correto, pois naquele mar de letreiros, com representantes das pizzarias atacando as pessoas na rua para levá-las para o seu estabelecimento, é difícil encontrá-lo. Quando finalmente se identifica seu letreiro, o aventureiro incauto entra na ampla loja no térreo, sem notar que se trata de mais uma pizzaria. Cuidado, os espetinhos ficam acima, acessíveis por uma obscura escada lateral.

Mas o que é exatamente a especialidade da casa? Os típicos espetinhos de gato que se come na rua, mas em um ambiente agradável e com gatos de pedigree. Há espetinhos de queijo de gato, carne de gato, frango de gato, lingüiça de gato, morango e chocolate de gato, etc. Além disso, há porções de polenta, pão com alho e afins. Em geral as coisas são baratas: espetinho R$3,50; pão R$5 (este é caro); polenta R$2,50 (muito barata).

A comida é muito boa, destaque para os espetinhos de frango e lingüiça, que são deliciosos. A polenta tem um custo benefício excelente e é gostosa. O pão é bom, mas é caro. O ambiente é espartano, mas bastante amplo. Segundo consta, a casa tem música ao vivo as quartas e sextas-feiras. Não posso avaliar a música, pois fui em um domingo.

Embora tenha ido jantar, a casa me parece mais apropriada para um happy hour. Aliás, parece ser este o objetivo deles. Qualquer hora dou uma passada por lá para ver como é o ambiente nas quartas e sextas; se tem movimento, que tipo de gente freqüenta e que tipo de música é a tal música ao vivo.

Tipo: Restaurante / happy hour
Onde: Plínio Brasil Milano, próximo ao viaduto Obirici
Quanto: Jantei por R$15.
Avaliação: Comida boa e preço adequado.

sábado, 22 de novembro de 2008

Brasas Chat

Viagens são oportunidades de aprender sobre novos lugares, mergulhar no cotidiano de povos e suas culturas. Se forem para outro países, ainda aprendemos (ou praticamos) sua língua. Fotos, histórias para contar - há tanta coisa interessante relacionada! Infelizmente não sou um grande viajante, mas descobri um jeito de compensar este defeito. Não, não se trata de assinar a National Geografic ou de ver o Discovery Channel.

O Brasas Chat tem a proposta de ser um espaço para a prática do idioma inglês. Já que está associado ao STB, acabou se focando em relatos de viagem; quase todos os encontros semanais tratam de relatos de algum viajante por terras longínquas. E desta forma este espaço tem evoluído para uma confraria de viajantes - praticantes ou não. Um espaço para ouvir histórias, trocar experiências praticar inglês e, por que não, fazer novas amizades.

Já faz dois meses que freqüento este espaço e ouvi relatos fantásticos sobre a China, Japão, Machu Picchu e muitos outros lugares. Em cada oportunidade, o viajante apresenta sua visão do lugar com fotos, histórias divertidas, o que aprendeu da cultura local. E, incrivelmente, os organizadores têm conseguido realizar encontros semanais ao longo de todo ano, todas as terças-feiras.

No último dia 18, o relato seria sobre Tailândia, Croácia e a ilha de Formentera (Espanha), apresentada por Claudio Stein. Nosso guia passara quase três meses nestes três locais. Logo, um relato potencialmente denso. A apresentação foi fantástica (entre as melhores já feitas), com um inglês fluente e histórias marcantes.

Na Tailândia, ele permaneceu 30 dias na ilha de Koh Pi Pi. Aprendi sobre o taybull, uma espécie de energético para quem não se importa com o amanhã. Foram quase 30 dias sem dormir, com festas e tudo mais. Hospedado em um albergue com banheiro coletivo, este parece ter sido o hotel 5 estrelas da viagem. Tudo na Tailândia é barato segundo ele, com pratos exóticos e massagens a R$10. Caro é chegar lá!

O relato mais interessante, contudo, foi o da segunda parte da viagem: ilha de Formentera. Uma ilha de jeitos tropicais na costa mediterrânea da Espanha, logo ao lado da ilha de Ibiza (que, by the way, eu não sabia que era uma ilha!). Como toda a ilha mediterrânea, as coisas lá não eram exatamente baratas ou planejadas para mochileiros. Assim, uma nova abordagem era necessária!

Segundo o Cláudio, a solução seria ficar "in the wood". "In the wood?" - pensei eu - "Acho que entendi errado". Não, eu não entendera errado. No relato a ele contado por um desbravador original, ele deveria seguir 1,5km por uma estrada de chão batido, virar a esquerda, se enfronhar na mata e achar uma árvore adequada. Nesta árvore, estender o saco de dormir e se aconchegar - nada de barracas, pois ficar nestes locais é proibido e barracas chamam muito a atenção. Ele ficou 20 dias vivendo assim: banhos no mar, banheiro no mato, barba crescida e cama no chão; nem luz ele tinha à noite. O dia em que choveu dormiu em uma barraca. Surpreendentemente, havia uma pequena comunidade que praticava o mesmo estilo de férias que ele na mesma árvore, assim, ao menos solidão ele não passou!

Nesta altura do relato, pensei em perguntar se ele já pensara em descer as cataras do Niágara em um barril, mas fiquei com medo que ele respondesse "Marche!". Eu estava com uma cara de estupefato e, olhando para o resto dos ouvintes, vi que não era o único. Até a Daniela que chegou a Machu Picchu em três dias de caminhada pelas cordilheiras ao invés de em um dia de ônibus parecia chocada.

O relato seguiu para a Croácia, na qual houve outras tantas histórias interessantes, mas que foram obscurecidas pelas narrações prévias. Houve a visita de um primo, o convite para visitar o iate de um turco maluco que já dera 18 voltas ao mundo, entre outras coisas. Ah, sim, em uma praia mais cara ele optou por dormir novamente no mato, mas neste momento ele já era um veterano. No big deal!

O leitor não gosta de aventuras estilo mochileiro? Sem problemas, o Brasas Chat sempre traz a visão pessoal do viajante, ora com um olhar aventureiro, ora com um olhar histórico, ora com um olhar conservador. Quem tem histórias para contar pode, ainda, propor contar as suas próprias histórias - nem todos devem ser parasitas como eu! E esta interação, troca de experiências e pontos de vista que tornam o Brasas Chat um dos melhores programas de Porto Alegre!

Tipo: Conversação em inglês e relatos de viagem.
Onde: Espaço STB Brasas.
Quanto: De graça.
Avaliação: De graça; cultura, diversão e aventura andando juntas; não dá para perder!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quantum of Solace

Ian Fleming continua com uma vasta produção, mesmo após a sua morte. Este ano tivemos um novo livro e mais um filme da série, ambos seguindo a nova leitura do personagem pós Jason Bourne. Temos um James Bond que apanha, usa um menor número de traquitanas tecnológicas e, com alguma regularidade, se vê lutando contra sua própria agência.

Não gostei do fato de terem tirado o Pierce Brosman da série, para mim o melhor James Bond com folgas (talvez até superior ao Sean Connery, embora fosse um personagem totalmente diferente). O melhor filme da série para mim - talvez para a surpresa de muitos - é o ‘Die Another Day’. Contudo, devo admitir que Daniel Craig não se saiu mal como principal agente do MI6.

A nova aventura da série é interessante e diverte. Contudo, o viés mais "realista" que tenta carregar a partir do filme anterior é completamente falso. O objetivo dos vilões é a tão estapafúrdio quanto robôs usando seres humanos como fonte de energia (ok, nem tanto!). Nada contra filmes não realistas, mas, ao tentar sê-lo, o autor precisa fazer direito!

Mas filmes de ação se justificam pelas perseguições, belas mulheres, reviravoltas surpreendentes e (lamentavelmente) explosões e quebradeiras. Assim, vejamos cada um destes itens:

1. Perseguições:
O filme consegue fazer um pouco de tudo. Há perseguições em terra, ar e água. Em terra, ainda, há perseguições a pé, de carro, etc. Quantidade não é o problema, mas a qualidade não salta aos olhos. Não chegam a ser ruins, mas também não são memoráveis.

2. Belas Mulheres:
A idéia de colocar uma atriz ucraniana como uma personagem boliviana foi risível. Na primeira cena ela aparece em um tom de pele laranja que chega a ser engraçado. Depois acho que colocaram bastante poeira por cima, o que ajudou a tornar ligeiramente mais crível a origem da personagem. A bond girl é bonita, mas não linda. Preferi com folgas a agente Fields, pouco explorada no filme. Interessante ainda que a atriz nasceu com seis dedos, o que já serve para iniciar um assunto caso a encontre pessoalmente. *

3. Reviravoltas Surpreendentes:
Tirando pelo início do filme, nada de muito marcante. Destaque para uma suposta merda enorme que Bond faz no meio do filme, mas que, aparentemente, o Ghost Fleming esqueceu de abordar no final.

4. Explosões e Quebradeiras:
Triste como tudo que é filme de ação hoje tem explosões. Até lenço de papel caindo no chão explode! Em Quantum of Solace a coisa não é tão ruim; a quebradeira é abaixo da média, o que não significa que seja pouca. Quebra, isto sim, muito vidro. Pessoalmente isto me dá muita agonia, mas acho que ficou legal.

Bem, este post inaugura uma nova feature do blog. Segundo o Uilian, mentor desta idéia, os posts são muito grandes, o que prejudica os preguiçosos. Solução: colocar no fim as informações principais de forma resumida. Assim sendo, vamos lá!

Tipo: Filme de Ação.
Onde: Arteplex e quase qualquer cinema.
Quanto: paguei R$9, em uma segunda-feira à noite.
Avaliação: Dá para se divertir, mas não é marcante.

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* Para pensar: Um dos tipos de polidactilia, com genes homozigotos dominantes AA, tem 100% de chance de transmitir a anomalia para o filho. Assim que como a gracinha da Gemma Arterton, a ex-Miss Brasil Natália Guimarães também é portadora da anomalia. Se elas casarem com cantores de pagode, em poucas gerações seremos todos polidactilos.
Será este o fim do sistema decimal?

sábado, 15 de novembro de 2008

Culinária Árabe

Ao longo da minha vida sempre desconfiei da culinária árabe. Esta coisa de comer carne crua parece desculpa de preguiçoso. Além do mais há a questão sanitária: é uma abraço para pegar uma tênia. Foi com este background que fui comer em um restaurante árabe pela primeira vez.

Era um dia quente do início deste ano e uma tentativa de achar um restaurante indiano aberto havia malogrado. Andávamos eu, minha então namorada e um casal de amigos pela Cristóvão Colombo quando o letreiro do restaurante nos chamou a atenção e, uma vez que nos programáramos para almoçar algo não trivial, cozinha árabe nos pareceu bom o suficiente.

A experiência foi bastante boa. Estava quente e o ar-condicionado funcionava à pleno jogando ar gelado nas minhas costas. Pedimos o rodízio para conhecer um pouco de tudo e logo nossa mesa estava repleta de iguarias, incluindo o tradicional quibe cru. Evitei a princípio, mas acabei provando e gostando. Mais um preconceito abandonado!

O lugar, creio que o nome era Lubnnan, pareceu um excelente restaurante nesta minha primeira incursão pela cozinha árabe. Os problemas claros eram o serviço de média qualidade, o ambiente simples e uma forma extremamente restrita de pagamento. Para nossa surpresa, o restaurante não aceitava nem cheques, nem cartões, apenas dinheiro! O dono nos propôs trocar uma das mulheres pelo almoço, acrescentando ainda dois camelos e cinco barris de petróleo. O acordo não foi fechado, coisa da qual muito me arrependo! Hoje, sem namorada, vejo que poderia ter trocado os barris de petróleo à cotação de U$150 e ir trabalhar montado em um camelo! Além de economizar o ônibus, isto certamente agregaria estilo à minha vida!

Hoje, alguns meses após minha experiência inicial, já sou um fã da culinária árabe. Sábado passado, como em outras oportunidades, tive a sorte de conseguir companhia para jantar no Al Nur, restaurante que julgo ser o melhor do gênero na capital. A quantidade de comida da rodada (um rodízio de 18 pratos) é desproporcional. Parece que fiquei o Ramadan inteiro de jejum e agora tenho que compensar!

A comida é bem feita e o serviço rápido. Se a idéia for experimentar um pouco de tudo, cuidado no início. Os pratos da rodada vêm em três levas e, caso abuse das primeiras, não sobrará espaço para a última - erro que normalmente cometo. Para beber, normalmente escolho o suco de pêssego que não é natural, mas é da Del Valle!

A primeira leva de comidas é de longe a minha preferida. Uma porção de pão sírio, coalhada, quibe cru e pasta de grão de bico. Necessário amplo auto-controle para não se embuchar ali. Na segunda leva vem o delicioso kafta, o quibe frito, algumas esfirras e outros pratos interessantes. A terceira fase traz trouchinhas de repolho (ok, eu ainda mantenho alguns preconceitos culinários), arroz bichairia e outros complementos (de fato, para o meu paladar é a pior leva).

O problema do Al Nur é o estacionamento. A rua é pequena e dá algum trabalho estacionar. A espera por um lugar é normalmente grande também (uns 20 a 30 minutos) se chegar em um horário concorrido. Estes problemas, contudo, são contornáveis e não chegam a atrapalhar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Zequinha Stadium

Sou um habitante da Zona Norte de Porto Alegre. Ok, não tão norte assim, ao menos para quem já esteve no Parque dos Maias. Moro ao lado do viaduto Obirici e desfruto de todas as vantagens do comércio e transporte público da Assis Brasil com a incrível vantagem de não escutar o barulho dos ônibus - um verdadeiro!

Como habitante da Zona Norte, nunca entendi porque os dois maiores clubes da capital ficam na Zona Sul. Tipo, não tem nada para aqueles lados! É uma falta de respeito com nós, larga maioria dos cidadãos porto-alegrenses ter qu atravesar a cidade para assistir um jogo. Foi em um destes dias de revolta que decidi mudar de time e passei a torcer pelo representante da Zona Norte; o time que é a terceira força futebolística da capital: o Esporte Clube São José ou, para nós torcedores, o Zequinha!

Uns anos atrás - feliz com a campanha do meu time na primeira divisão do campeonato gaúcho - tomei coragem e fui no jogo. Coloquei meus óculos escuros e um boné, caminhei quinze minutos até o estádio, paguei R$10 e entrei nas arquibancadas do estádio Passo d'Areia. Era um estádio grande, com uma arquibancada respeitável e outra, no lado oposto do campo, em plena construção. No fundo, uma quadra de futebol sete com duas equipes alheias ao jogo dos profissionais ao lado.

Era um dia de sol e o jogo era contra o Novo Hamburgo. Coisa de louco! Lembro que nosso time estava o Zé Alcindo e o Murilo, dois ex-jogadores da dupla Gre-nal, mas quem mais me chamou atenção foi o Alemão. Nunca descobri o nome do Alemão, sei apenas que ele jogava no meio campo do Zequinha - ou, ao menos, tentava jogar. Toda a torcida ficava gritando:
- Corre Alemão!
- Dribla Alemão!
- Passa Alemão!
- Porra, tira esse Alemão!

Coitado do Alemão. Ser vaiado pela torcida do Zequinha é fim de carreira! E ele era tão jovem...

A felicidade do Alemão foi que o técnico fez a tão pedida substituição. Na boa, acho que até o Alemão gostou, pois a coisa estava feia para o lado dele. E não é que o cara deu sorte! Não sei quem foi para o lugar dele, mas a coisa ficou pior. Sei que não se deve torcer pelo desastre alheio, mas tenho certeza que o Alemão ficou feliz em ver que o problema não era com ele - ou só com ele. E então vieram, os gritos: "Volta Alemão!". Mas estas malditas regras do futebol não deixaram ele voltar...

É, deu para ganhar do Novo Hamburgo, mas não se foi muito além. O Zequinha nunca mais fez uma grande campanha e aquele belo estádio ficou ali, esperando um grande evento que valesse todo o concreto gasto nele.

Fiquei feliz que o Zequinha está de volta! Não, não o time, mas o estádio. Não sei ainda porque razão, mas decidiram fazer o show do REM no Estádio Passo d'Areia. Eu não acreditei no que divulgava a Zero Hora - by the way, um a ótima prática para se adotar no dia-a-dia - até que li, no site da banda, que o show seria no Zequinha Stadium. Dia 6 de novembro, uma quinta-feira à noite sem chuva, lá estava eu de volta ao estádio do meu time!

Confesso que saí frustrado com show. Muitas músicas que eu não conhecia - e o Nenhum de Nós não empolgou pelo fato de eu ter ido para ver REM. Pulei como um louco quando tocaram 'It's the End of the World as We Know It and I Feel Fine', mas tomei um susto quando eles deram tchau em seguida. O show tinha acabado de começar para mim!!! Felizmente eles voltaram e a segunda parte foi bem melhor!

Mas muita gente escreveu sobre o show. Além disso, o foco deste blog são aventuras culturais nas quais espero poder compartilhar algo útil com os eventuais leitores. Falar sobre um show que provavelmente nunca acontecerá de novo em Porto Alegre não me parece muito útil. O que me aprece útil, na verdade, é destacar que há um novo espaço na cidade - e isto me pareceu claro!

Com uma excelente área para shows de médio tamanho, arquibancada com um excelente posicionamento, localização privilegiada para grande parte da cidade e região metropolitana, o Zequinha Stadium parece ser uma grande escolha para novas apresentações musicais. E que elas venham logo, pois passamos alguns anos sem shows internacionais decentes em Porto Alegre e eu, assim como muita gente que tenho conversado, tem se ressentido profundamente disso.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sarau Elétrico no Ocidente

Ok, o professor Moreno é um elitista cultural, procurando em suas falas ser o mais machista possível. É verdade também que ao professor Fischer e à Cláudia Tajas faltam dotes de oratória. Ainda assim, o Sarau Elétrico no Ocidente é um programa extremamente interessante para uma terça-feira à noite! O quarteto, completado pela Kátia Suman, - esta, nas edições em que participei, destoando negativamente dos demais - tem uma boa sinergia, conseguindo segurar a platéia. 

Ok, mas como diabos funciona este sarau? Minhas experiências com esta categoria de evento se limitavam a algumas leituras de poemas regadas a vinho na casa de amigos ou a algumas festas organizadas pela Faculdade de Medicina da UFRGS - by the way, ainda existem estas festas? Em todos estes casos, cada um levava textos e os lia quando assim solicitado. Me parecia um tanto claro que a coisa não funcionaria deste jeito no Ocidente, mas não estava claro como seria a participação da platéia. A resposta para esta questão é bem clara: não há participação!

Esta condução unidirecional do evento - fazendo dos presentes platéia e não participantes - juntamente com a falta de boa oratória dos apresentadores reduz um pouco o apelo do Sarau Elétrico. Ainda assim, os textos apresentados costumam ser bastante interessantes. Enquanto o professor Moreno procura se focar em mitos gregos, permitindo-se tornar mais um contador de história do que um leitor de textos, Claudia Tajas vai ao outro extremo, procurando textos recentes de autores jovens, marcados pelo texto dinâmico e direto. O professor Fisher e Kátia Suman se posicionam ao centro, procurando textos de autores consagrados.

Toda a terça o sarau escolhe um tema e, mediante esta escolha, um convidado que evoque este tema. Há duas semanas, com o tema "Utopia", o sarau recebeu Alfredo Aquino que apresentou textos bastante frustrantes. Na última terça-feira, entretanto, o sarau homenageou Pernambuco e, com esta homenagem, convidou o escritor Homero Fonseca que trouxe um brilho especial ao evento. Grande orador, contou diversas histórias de seu novo livro "Roliúde" que pareceu - apesar de não muito sofisticado - uma leitura interessante para descontração.

Após a apresentação dos textos, há sempre uma canja musical. Há duas semanas tocou Izmália, que me deixou positivamente impressionado. Ótima seleção de músicas, harmonizando com seu bom vocal, pecou apenas em escolher algumas músicas que necessitavam de uma bateria em um ambiente que só dispunha de um caixote. Esta semana foram Os Arnaldos, banda que homenageia o fundador dos Mutantes. Boa presença de palco, músicas interessantes, mas nenhum outro destaque positivo ou negativo.

Como é pago - R$10 de entrada e R$6 a garrafa de cerveja -, o evento não se presta para ir toda a semana. Ainda assim, com os freqüentadores eventuais que possui, parece lotar o Ocidente toda a terça-feira às 21 horas. Quem gostar da idéia deve ir com espírito de espectador, pois conversa na platéia não é bem vinda pelos oradores. Não custa seguir a norma da casa: deixe para bater papo antes do início ou entre a leitura dos textos e a apresentação da banda.