sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sarau Elétrico no Ocidente

Ok, o professor Moreno é um elitista cultural, procurando em suas falas ser o mais machista possível. É verdade também que ao professor Fischer e à Cláudia Tajas faltam dotes de oratória. Ainda assim, o Sarau Elétrico no Ocidente é um programa extremamente interessante para uma terça-feira à noite! O quarteto, completado pela Kátia Suman, - esta, nas edições em que participei, destoando negativamente dos demais - tem uma boa sinergia, conseguindo segurar a platéia. 

Ok, mas como diabos funciona este sarau? Minhas experiências com esta categoria de evento se limitavam a algumas leituras de poemas regadas a vinho na casa de amigos ou a algumas festas organizadas pela Faculdade de Medicina da UFRGS - by the way, ainda existem estas festas? Em todos estes casos, cada um levava textos e os lia quando assim solicitado. Me parecia um tanto claro que a coisa não funcionaria deste jeito no Ocidente, mas não estava claro como seria a participação da platéia. A resposta para esta questão é bem clara: não há participação!

Esta condução unidirecional do evento - fazendo dos presentes platéia e não participantes - juntamente com a falta de boa oratória dos apresentadores reduz um pouco o apelo do Sarau Elétrico. Ainda assim, os textos apresentados costumam ser bastante interessantes. Enquanto o professor Moreno procura se focar em mitos gregos, permitindo-se tornar mais um contador de história do que um leitor de textos, Claudia Tajas vai ao outro extremo, procurando textos recentes de autores jovens, marcados pelo texto dinâmico e direto. O professor Fisher e Kátia Suman se posicionam ao centro, procurando textos de autores consagrados.

Toda a terça o sarau escolhe um tema e, mediante esta escolha, um convidado que evoque este tema. Há duas semanas, com o tema "Utopia", o sarau recebeu Alfredo Aquino que apresentou textos bastante frustrantes. Na última terça-feira, entretanto, o sarau homenageou Pernambuco e, com esta homenagem, convidou o escritor Homero Fonseca que trouxe um brilho especial ao evento. Grande orador, contou diversas histórias de seu novo livro "Roliúde" que pareceu - apesar de não muito sofisticado - uma leitura interessante para descontração.

Após a apresentação dos textos, há sempre uma canja musical. Há duas semanas tocou Izmália, que me deixou positivamente impressionado. Ótima seleção de músicas, harmonizando com seu bom vocal, pecou apenas em escolher algumas músicas que necessitavam de uma bateria em um ambiente que só dispunha de um caixote. Esta semana foram Os Arnaldos, banda que homenageia o fundador dos Mutantes. Boa presença de palco, músicas interessantes, mas nenhum outro destaque positivo ou negativo.

Como é pago - R$10 de entrada e R$6 a garrafa de cerveja -, o evento não se presta para ir toda a semana. Ainda assim, com os freqüentadores eventuais que possui, parece lotar o Ocidente toda a terça-feira às 21 horas. Quem gostar da idéia deve ir com espírito de espectador, pois conversa na platéia não é bem vinda pelos oradores. Não custa seguir a norma da casa: deixe para bater papo antes do início ou entre a leitura dos textos e a apresentação da banda. 

2 comentários:

Clacs disse...

Que bom que tu começou por este!! Há mais de 10 anos eu me pergunto como seria o Sarau Elétrico, mas quase nunca aconteciam oportunidades pra descobrir (ou quando aconteciam eu as deixava - mea culpa).

Isso de ser um sarau unilateral eu já sabia, mas não acho que isso o deprecie. Em muitos momentos me sinto mais confortável em ser simplesmente ouvinte.

Ah, esqueci de comentar no tópico anterior.. me deu até uma certa pena de não estar mais em Porto quando li o título do blog!!

Indieana disse...

O texto que a Claudia leu , foi extraido do livro umidade , de Reinaldo Moraes . (http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=71) Na terca seguinte , em que o Panato nao foi , com tema "humor" , e participacao do Iotti (eh assim que se escreve?) , ela leu outra parte do livro . Muito legal :-)